top of page

ANTUÉRPIA 1733
Lamentações para a Semana Santa de Fiocco

Mosteiro de Santo Tirso - Santo Tirso-21h

ENSEMBLE BONNE CORDE (PRT)

Diana Vinagre - violoncelo barroco e direcção artística
Eduarda Melo - soprano
Marta Vicente - contrabaixo barroco
Dani Espasa - órgão

Este programa surge no seguimento da gravação pelo Ensemble Bonne Corde da integral das Lamentações para a Semana Santa do compositor belga Joseph-Hector Fiocco (1703-1741), na qual se destaca a inclusão de obras inéditas em estreia moderna, lançada em Novembro de 2022 pela editora belga Ramée | Outhere Music. Destas peças, escritas no ano de 1733 em Antuérpia, conheciam-se apenas as fontes manuscritas existentes na Biblioteca do Conservatório Real de Bruxelas, mas recentemente, e no contexto do seu trabalho de investigação sobre o violoncelo na música sacra, Diana Vinagre identificou, num arquivo belga, manuscritos de Lamentações inéditas de autoria do compositor. Estas obras têm a peculiaridade de incluir partes solísticas para um e dois violoncelos, num repertório que habitualmente utiliza apenas o baixo contínuo para acompanhamento da voz, característica que confere a estas obras uma dimensão de particular beleza e lirismo pungente, sendo a escrita de Fiocco para o instrumento não só perfeitamente idiomática, mas de extrema elegância e sumptuosidade, pondo em evidência a natureza cantabile intrínseca do violoncelo. Oriundo de uma família veneziana, instalada em Bruxelas desde o final do século XVII, Joseph-Hector Fiocco (1703-1741) trabalhou nas principais catedrais de Bruxelas e Antuérpia, sendo a sua produção musical eminentemente sacra. Patente na sua obra é o domínio dos estilos italiano e francês, particularmente notável nestas Lamentações através de uma fusão fluída e refinada dos dois tipos de escrita. 

Fundado em 2009, o ENSEMBLE BONNE CORDE dedica-se ao estudo e revelação de música antiga, reunindo um grupo flexível e variado de instrumentistas apaixonados pelas práticas interpretativas historicamente informadas. Sob a direcção artística da violoncelista e investigadora Diana Vinagre, o grupo especializa-se em repertório setecentista no qual o violoncelo ocupa um lugar de destaque, tanto no contexto da música instrumental como vocal, enquanto instrumento obligatto. Neste contexto evidencia-se a descoberta e recuperação de várias obras em estreia moderna do repertório sacro português do período clássico nas quais é explorada uma inovadora utilização dos instrumentos de baixo contínuo, tendo sido este o tema central do trabalho de doutoramento de Diana. Nesta temporada destacam-se dois projectos de gravação para a prestigiada etiqueta belga Ramée - a integral das Lamentações para a Semana Santa do compositor belga J. H. Fiocco (2022), e a estreia discográfica absoluta (2023) dos Concerti grossi de António Pereira da Costa (ca. 1697-1770), a única obra conhecida do género no contexto português tendo este sido um projecto financiado pela Fundação GDA e pelo Ministério da Cultura - DGArtes. Entre os projectos recentes sublinha-se também a participação do grupo no XXXVII Ciclo de Cámara con los Stradivarius de la Colección Real (Madrid, 2021), onde Diana teve oportunidade de tocar no prestigiado violoncelo Stradivarius 1700 da colecção do Património Nacional espanhol, sendo a primeira mulher a apresentar-se em concerto neste instrumento.
 

PROGRAMA

Antuérpia 1733

Lamentações para a Semana Santa de Fiocco

 

Joseph Hector Fiocco  (1703-1741)

1 - Lamentatione prima del Mercordi Santo

soprano, violoncelo obbligato e baixo contínuo

I. Incipit lamentatio Jeremia

II. Beth

III. Ghimel

IV. Daleth

V. Heth

VI. Parvuli ejus

VII. Jerusalem

 

Antonio Vivaldi (1678-1741)

2 - Sonata em lá menor RV

I. Preludio

II. Allegro poco

III. Sarabanda

 

Joseph Hector Fiocco 

3 - Lettione prima di Giovedì Santo

para soprano, violoncelo obbligato e baixo contínuo

I. De Lamentatione Jeremiae.

II. Teth. Defixae sunt in terra

III. Caph. Defecerunt prae lacrimis

IV. Jerusalem

 

Joseph Hector Fiocco

4 - Adagio em sol maior, de Pièces de Clavecin, op. 1

órgão solo

 

Antonio Vivaldi (1678-1741)          

5 - Largo do Concerto para violoncelo em mib maior, RV 408

para violoncelo e baixo contínuo

 

Salvatore Lanzetti (1710-1770)

6 - Grave (de Pièces pour le violoncelle)

para violoncelo e baixo contínuo

 

Joseph Hector Fiocco

7 - Deuxième Lamentation du Jeudi Saint

soprano, violoncelo obbligato e baixo contínuo

I. Lamed

II. Mem

III. Prophetae tui

IV. Samech

V. Jerusalem

 

DURAÇÃO: 60’

MÚSICOS

Após a conclusão dos seus estudos na Academia Nacional Superior de Orquestra em Lisboa, na classe de Paulo Gaio Lima, o interesse que alimenta ao longo de vários anos pela interpretação historicamente informada leva DIANA VINAGRE ao Conservatório Real de Haia na Holanda. Na classe de Jaap ter Linden obtém os diplomas de Licenciatura e Mestrado em Práticas Históricas de Interpretação com distinção, tendo recebido a Top Talent Scholarship. Durante o seu período de estudo foi membro da Orquestra Barroca da União Europeia e integrou o Jerwood Project com a Orchestra of the Age of Enlightenment. Desde que se dedica à prática do violoncelo histórico, colabora como free-lancer com vários agrupamentos: Orchestra of the 18th century, Cappella Mediterranea, L’Arpegiatta, Amsterdam Baroque Orquestra, Le Cercle de l’Harmonie, B’Rock, Ludovice Ensemble, Irish Baroque Orchestra, Holland Baroque, Al Ayre Español e Divino Sospiro. Toca regularmente sob a direcção de músicos como Leonardo Garcia Alarcon, Ton Koopman, Enrico Onofri, Laurence Cummings, René Jacobs, Bartold Kuijken, Christina Pluhar, Elizabeth Wallfisch, Alfredo Bernardini, Frans Bruggen, Lars Ulrik Mortensen e Chiara Banchini. Participou em gravações para várias etiquetas, como a Alpha, Ricercare, Sony and Winter & Winter. Em 2010 funda o Ensemble Bonne Corde que se especializa em repertório do século XVIII para violoncelo e na recuperação de música portuguesa com violoncelo obligatto. Diana Vinagre possui também um doutoramento sobre o violoncelo na música sacra portuguesa do período clássico, pela Universidade Nova de Lisboa.

Depois de se formar na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE) e de uma notável passagem pelo Estúdio de Ópera da Casa da Música, EDUARDA MELO integrou o prestigiado elenco do CNIPAL, em Marselha. Foi galardoada com o segundo prémio no Concurso Internacional de Canto de Toulouse. Desde então tem sido convidada para numerosos festivais na Europa, trabalhando com realizadores como Marc Minkowski, Jérémie Rohrer, Ton Koopman, Hervé Niquet, Jean-Claude Casadesus, Antonello Allemandi em locais de prestígio (Glyndebourne, Marselha, Lille, Nice, Caen, Dijon, Paris, Lisboa). Os papéis de Eduarda Melo incluem  Soeur Constance (Dialogues des Carmelites), La princesse Laoula (L'Étoile), Corinna (Il Viaggio a Reims), Rosina (Il Barbiere di Seviglia), Elvira (L'Italiana in Algeri), Norina (DonPascuale) , Musetta (La Bohème), Despina (Cosi Fan Tutte), Erste Dame (Die Zauberflöte), Rinaldo (Armida/Myslivecek), Stéphano (Romeo et Juliette), Frasquita (Carmen), Gabrielle (La Vie Parisienne), Valencienne (La Veuve Joyeuse), Spinalba (Spinalba/Almeida), Fedra (L'Ippolito/Almeida), Ascanio (Lo Frate Nnamorato/Pergolesi), Zemina (Die Feen/Wagner), Vespina (L'Infedeltà Delusa/Haydn) e Elle (La voz Humaine). Na música contemporânea tem privilegiado compositores portugueses e participou em diversas estreias mundiais de António Pinho Vargas, Nuno Côrte-Real, Luís Tinoco e Nuno da Rocha. Colabora regularmente com Le Concert de la Loge (Julien Chauvin), Divino Sospiro e Ludovice Ensemble.

MARTA VICENTE nasceu em Lisboa. Iniciou os seus estudos de música na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, nas classes de contrabaixo dos Professores Adriano Aguiar e Pedro Wallenstein. Estudou ainda com Alejandro Erlich-Oliva e Duncan Fox. Licenciou-se em Contrabaixo e Violone no Departamento de Música Antiga e Práticas Históricas de Interpretação do Conservatório Real de Haia (Holanda), na classe de Margaret Urquhart. Frequentou masterclasses com Rainer Zipperling, Margaret Urquhart, Sigiswald Kuijken, Mieneke van der Velden, Ton Koopman, Jacques Ogg, Patrick Ayrton, Charles Toet, Richard Gwilt, Peter Holtslag e Daniël Brüggen. É fundadora e Directora Artística da Orquestra Barroca Real Câmara, cuja direcção musical está a cargo do maestro e violinista Enrico Onofri. Foi membro da Orquestra Barroca Divino Sospiro e colabora com grupos especializados internacionais tais como La Grande Chapelle, Ludovice Ensemble, Ensemble Bonne Corde, Bando do Surunyo, Sete Lágrimas, Concerto Campestre, Capella Patriarchal, Luthers Bach Ensemble, New Dutch Academy, Wallfisch Band, Opera2Day, Americ’Antiga e La Suave Melodia. Apresentou-se em vários festivais e inúmeros concertos em Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polónia, Bulgária, República Checa, Roménia, Finlândia, Malta, Brasil, México e Japão. Toca regularmente com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e apresentou-se com a Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica Portuguesa e Deutsche Kammerphilharmonie de Bremen. Trabalhou sob a direcção de Enrico Onofri, Rinaldo Alessandrini, Harry Christophers, Alfredo Bernardini, Chiara Banchini, Cecilia Bernardini, Massimo Spadano, Elizabeth Wallfisch, Vittorio Ghielmi, Alberto Grazzi, Kenneth Weiss, Ketil Haugsand, Riccardo Doni, Vanni Moretto, Marc Hantaï, Peter Van Heyghen, Albert Recasens e Michel Corboz. Gravou cerca de duas dezenas de discos para etiquetas discográficas como a Naxos, Lauda, Dynamic, Pan Classics, Nichion, entre outras, bem como para as rádios Antena 2 e Radio France, e os canais televisivos Mezzo e RTP.

Nascido em La Canonja, DANI ESPASA é um músico eclético com uma infinidade de interesses e atividades artísticas muito diversas: é pianista, cravista, acordeonista, maestro, compositor, arranjador, produtor, professor… A sua carreira percorre caminhos surpreendentes, sendo igualmente possível encontrá-lo em peças de teatro (trabalhou com Lluís Pasqual, Calixto Bieito, Josep Maria Flotats, Joan Ollé, Sergi Belbel e Jordi Prat i Coll), regendo o seu conjunto barroco Vespres d' Arnadí, colaborando com Maria del Mar Bonet e Lídia Pujol ou na Escola Superior de Música da Catalunha (ESMUC) ensinando técnicas de improvisação ou música de câmara. Depois de estudar cravo e  baixo contínuo na ESMUC com Béatrice Martin, iniciou uma intensa actividade em conjuntos musicais barrocos, renascentistas e medievais, como com Hespèrion XXI, Le Concert des Nations, L'Arpeggiata, Mala Punica, La Hispanoflamenca, The Rare Fruits Council, Les sacqueboutiers de Toulouse , La Caravaggia ou MUSIca ALcheMIca. Não demorou, porém, para que começasse a expandir a sua gama operacional e rapidamente foi possível vê-lo dirigir a Orquestra Sinfónica de Barcelona e a Orquestra Nacional da Catalunha (OBC), com a qual também colabora como pianista e cravista, o conjunto barroco da orquestra do Gran Teatre del Liceu, da Orquestra Clássica Nacional de Andorra (ONCA) ou do conjunto de música contemporânea Bcn216. Como instrumentista estreou e gravou obras para piano de Joan Albert Amargós e Enric Granados. Espasa esteve em palco ao lado de artistas de estilos muito diversos: Joan Albert Amargós, Eliseo Parra, Sílvia Pérez Cruz, Sting, Paul Simon, John Cale, Ute Lemper, Rolando Villazón, Philippe Jaroussky, Mayte Martín, Judit Neddermann, Dulce Pontes, Nina, Alfonso Vilallonga, Kepa Junquera, Maria Farantouri, Santiago Auserón, Maika Makovski, Nigel Kennedy, Maya Plisetskaya ou Blaumut... Em 2020 recebeu o prêmio Butaca de melhor composição para palco para a música de La Rambla de les Floristes (Teatro Nacional da Catalunha). Atualmente concilia a sua atividade artística com a docência na ESMUC e como membro do Programa de Interpretação Histórica da Escuela Superior de Música Reina Sofía de Madrid, onde leciona cravo e  baixo contínuo. É também diretor artístico do ciclo de concertos do Reial Monestir de Santa Maria de Pedralbes. Dani Espasa, o músico que quase se tornou arquitecto, é uma referência inegável no campo da música antiga na Catalunha e no mundo.

bottom of page