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ITÁLIA E PORTUGAL: VANGUARDA E REPERCUSSÕES
Igreja de Telhado - Famalicão - 21h
Sérgio Silva (PRT) - órgão

Itália influenciou a cultura de diversas nações pela sua vanguarda artística ao longo de vários séculos. Não obstante uma determinada ausência de relações directas e óbvias entre os países nos séculos XVI e XVII, Portugal herdou vários elementos da atractiva cultura italiana, iluminando os caminhos das artes portuguesas, particularmente da Música. A assimilação do Maneirismo, estilo artístico italiano, na música é visível na aparição do género Tento em aproximação ao Ricercare italiano, como nas obras de Carreira e Cavazzoni, embora se tenha desenvolvido com expressão autóctone. A presença de um largo número de obras de compositores italianos numa das fontes mais importantes de música para tecla em Portugal – o manuscrito 964 do Arquivo Distrital de Braga –, do qual se subtrai Aria con variationi, evidencia a influência da arte italiana, patente na produção de Pedro de Araújo, cujas Consonâncias se assemelham em estilo às Toccate de durezze e legature. No início do Século XVIII, a enorme empresa da reforma litúrgica e musical, levada a cabo por D. João V, alterou radicalmente o gosto musical em Portugal. A adopção de cerimoniais litúrgicos do Vaticano, a contratação de músicos da Capela Giulia (a capela musical Papal) e o envio de bolseiros portugueses para estudar Música em Roma resultariam numa quebra da tradição musical portuguesa e num vastíssimo repertório de música sacra e de sonatas e tocatas para tecla, a nós legadas por Seixas e tantos outros compositores, imbuídas do gosto italianizante.Também a nível organológico se pode verificar a presença italiana através de órgãos e organeiros em Portugal, caso de Pascoal Caetano Oldovini, organeiro genovês activo sobretudo na região centro-sul de Portugal, e dos órgãos da Capela de Nossa Senhora da Saúde em Lisboa e da Igreja de Nossa Senhora da Graça em Tomar. A própria arte de construção de órgãos portuguesa assimilou alguns elementos da organaria italiana, como a inclusão do registo Voz Humana e a adaptação do sistema tira tutti.

Mestre em Música pela Universidade de Évora, SÉRGIO SILVA começou por estudar órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa sob a orientação de João Vaz e António Esteireiro. Para além dos seus estudos regulares, teve oportunidade de contactar com diversos organistas de renome internacional, tais como, José Luiz González Uriol, Luigi Ferdinando Tagliavini, Jan Willem Jansen, Michel Bouvard, Kristian Olesen e Hans Ola Ericsson. Como concertista, apresenta-se regularmente, tanto a solo como integrado em diversos agrupamentos nacionais de prestígio, tendo actuado em Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Alemanha, Croácia e Macau. Participou em diversas gravações discográficas como solista e integrado em agrupamentos. Enquanto investigador, dedica-se ao estudo e transcrição moderna de música antiga portuguesa, desde polifonia vocal à música para órgão. Actualmente, é professor de órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa e organista titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau (Lisboa).

PROGRAMA

Itália e Portugal: vanguarda e repercussões

António Carrera (c.1530-c.1594)

1 - Sexti toni [Fantasia a Quatro]

Girolamo Cavazzoni (c.1525-c.1577)

2 - Ricercare Quatro

Manuel Rodrigues Coelho (c.1555-c.1635)

3 - Suzana grosada a 4

 

Girolamo Frescobaldi (1583-1643)

4 - Bergamasca

Domingos de São José (Portugal, Século XVII)

5 - Obra de 5º tom

Michelangelo Rossi (c.1601/2-1656)

6 - Toccata settima

Pedro de Araújo (fl.1663-1705)

7 - Consonâncias de 1º tom

Anónimo (Itália, Século XVII)

8 - Aria con variationi

Carlos Seixas (1704-1742)

9 - Sonata para órgão em Lá menor

Domenico Scarlatti (1685-1757)

10 - Sonata em Fá maior, K. 82

Jacinto do Sacramento (1712-c.1780)

11 - Tocata em Ré menor

 

Baldassari Gallupi (1706-1785)

12 - Sonata per Flauto

Anónimo (Portugal, Séculos XVIII-XIX)

13 - Discurso para Órgão

DURAÇÃO: 60’

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